terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A casa da minha avó.


Seguindo a idéia de uma pessoa muito especial e pegando carona no Kekanto (se pudesse escreveria lá) , o site de resenhas no qual escrevi sobre muito dos lugares que já visitei, resolvi escrever de um lugar que não posso cadastrar em canto algum, mas tem lugar no meu coração: a casa da minha avó.

Conversando com essa pessoa especial sobre viagens, ela me perguntou se eu trocaria de país e isso me fez pensar sobre um  lugar que para mim sempre foi um porto-seguro e pensando hoje, resolvi colocar em palavras o que sinto sobre ele.

Cercado de memórias que o tempo não pode apagar está a simples e humilde casa da minha avó. Ela não é grande e tampouco luxuosa, mas é meu cantinho especial. Acho que precisei me mudar para São Paulo para perceber o quanto me faz falta deitar no sofá antigo da casa dela e poder tirar um cochilo a tarde, depois do almoço quem sabe?

Sempre reclamei da minha cidade, do calor quase insuportável que faz em Presidente Prudente, da "sobra de tanta falta" de coisa que tem aqui. Quando me mudei para a "cidade grande", achei que ia me contentar com o que ela tinha a oferecer. Doce ilusão. Mal consigo dormir direito, muito menos relaxar. Às vezes conto as horas para voltar para o interior, fugir um pouco da cidade grande.

Encontro na casa da minha avó as simples sensações que completam a vida: posso tomar um pouco de chá de jasmim ( "chá? - perguntaria você, meu caro leitor - no calor dessa cidade? "), que só ela sabe preparar; posso saborear um pedaço do bolo de cenoura com calda de chocolate que ela faz com maestria; posso tomar um banho e deitar, que logo estarei dormindo sem esforço algum e sem medo de acordar tarde ou cedo demais no outro dia; ou simplesmente reviver minha infância, subindo pelo pé de jabuticaba (plantado pelo meu pai quando tinha apenas 15 anos) e confrontando do alto dele a paisagem da cidade com a de outrora.

Sim, aqui sou muito mimado. Vivo como se habitasse a Pasárgada de Manuel Bandeira, lá sou amigo do rei. Ou da rainha, no caso, a minha avó. Rainha essa que desce do trono e volta a ser avó e também mãe (a minha que me perdõe ) e serve o seu súdito com as refeições de seu agrado, com a alcunha de "melhor cozinheira do mundo".

Palco de aniversários, viradas de ano e tantas outras datas especiais, o lugar é onde meus avós moraram por boa parte de suas vidas e cultivaram não apenas as plantas do seu jardim (que diariamente regam e tratam com tanto carinho), como também os seus filhos e netos. Aqui já entraram  amigos e familiares distintos, nasceram e morreram os cachorros que por vezes alegraram a casa e se preserva o coração da família de meu pai e também da minha. Na frente da casa há um ipê branco que todos os anos, por alguns dias, embeleza a casa com as suas flores alvas como a neve e nos fundos, um quartinho onde alguns cachorros ficaram e objetos do passado como as cartas que um filho (hoje, pai) mandava para sua mãe (hoje, avó) contando como andava longe da sua cidade natal (fato que se repete comigo: tal pai, tal filho).

Posso ter enfeitado demais o texto, mas o objetivo dele é um só. Deixar aqui uma descrição de um lugar sem igual, onde tenho paz e conforto e que sei que não vai durar para sempre. O preço não é pago em dinheiro, mas sim em gratidão. É uma forma de agradecer e lembrar do que sinto falta longe de "casa".

Na casa da minha avó ainda não tem internet. Mas por que eu preciso dela, se eu tenho todo o resto?

Um comentário:

Unknown disse...

O texto fala por si próprio *-*
Repito quantas vezes forem necessárias: Eu AMEI esse texto e cada detalhezinho de seu conteúdo!! *________________*
E uma coisa eu tenho certeza...Pode até não durar para Sempre (o fato de não durar para sempre é muito triste >_<') mas para Você vai durar sim, em seu coração e sempre sempre essa memória gostosa vai na sua mente ^^
O MAIOR KIKI DO MUNDO PARA VOCÊ ^_________________________________^