Há algum tempo penso em escrever esse post, talvez como uma forma de desabafo ou como um momento de reflexão. Não quero que tenham pena de mim ou pensem que devo desistir do meu curso, é apenas um jeito de expor minha opinião sobre o assunto.
Ingressei em Engenharia Elétrica na Escola Politécnica em 2009, cerca de um semestre após o início desse blog. Confesso que com 17 anos não tinha maturidade alguma para escolher um curso (tampouco sei se hoje tenho) e apostei minhas fichas na engenharia buscando a área que pensava ter mais afinidade, no caso, exatas. Sempre gostei de todas as matérias do colégio, de uma forma geral. Acho que isso foi um dos maiores motivos para eu ficar em dúvida sobre o que decidir no vestibular.
O orgulho já fui uma das minhas maiores chagas e sempre procurei ser um exemplo no colégio, tanto em notas como escolhendo os cursos mais difíceis, não nego. Outrora, se tivesse pensado melhor em um curso que fosse admirado por mim e não pelos outros, não estaria escrevendo esse texto agora. Mas não me arrependo de forma alguma do que escolhi.
Pensei em desistir do curso no meu primeiro semestre na Poli. Imaginava uma porção de atividades práticas na engenharia e me deparei com um mundo traçado por uma infinidade de fórmulas, onde as letras apenas representam 'variáveis' e a maioria dos livros simplesmente não eram interessantes. A alegria de ter ingressado na melhor escola de engenharia foi rapidamente consumida e substituída pelo ambiente estático e teórico das minhas intermináveis aulas de Cálculo e Física. Mas não dei o braço a torcer.
A Escola Politécnica é um ambiente com inúmeras possibilidades e basta querer para encontrar um lugar prático e dinâmico nela. Procurei e encontrei algumas atividades extracurriculares, como o grupo de robótica com LEGO, o curso de francês e as disciplinas com projetos práticos. Isso deu um gás para persistir no curso.
No segundo semestre, recebi duas reprovações em matérias que foram como um belo tapa na cara. Até aquele dia, sequer havia ficado de recuperação. Confesso que não estudei, nunca gostei de estudar de verdade. A maioria dos meus colegas de Ensino Médio pensava que eu era um amante dos estudos, que sentava a bunda na cadeira e lá permanecia por horas lendo os livros-texto do colégio e resolvendo inúmeros exercícios. Algumas das lendas que contavam sobre mim, ledo engano. Nisso, garanto que apenas gostava de prestar atenção nas aulas e lia o que era interessante, além de um bom uso de memória e raciocínio, nada mais que isso.
No segundo ano, a sensação de "o que estou fazendo aqui?" se intensificou e a pergunta que a maioria dos meus amigos me fazia - "você está gostando do curso?" - ganhou uma nova resposta: nem tanto. Continuei o meu ano e tentei pagar as matérias que estava devendo e participar de mais atividades, como a iniciação científica que consegui. Dentro da Elétrica, descobri amigos em situação parecida com a minha e procurei apoio em uma porção de lugares. Morar fora e ver seus pais uma vez por mês também agrava bastante a situação, mas ainda é suportável.
Pensava que quando o biênio (dois anos básicos de todo curso de engenharia, recheado de Cálculo e Física) acabasse, meu período acadêmico melhoraria. Doce ilusão. Tudo tende a piorar e matérias como Eletrônica e Sistemas e Sinais tomaram o lugar das antigas, sendo que até os laboratórios que antes eram legais passaram a ser mecânicos e tediosos. Passei a arrastar meu curso, com o único objetivo de me formar.
Ressuscitei meu blog como uma tentativa de voltar a escrever e encontrei no Kekanto um hobby para me distrair e salvar o hábito. Gosto de apresentar e de expôr minhas idéias e só fazendo um curso de exatas para descobrir um carinho especial que tenho pela área de humanas. Pretendo terminar a Poli e aproveitar esse gosto para ser meu diferencial, talvez sendo um engenheiro escritor ou quem sabe um escritor engenheiro, se é que posso me intitular um dos dois.
Meu amigo, colega de quarto e quase-irmão Pedro sempre me diz: "Quem quer, arruma um jeito. Quem não quer, arruma uma desculpa." Hora de arrumar esse jeito!
4 comentários:
É Will, a gente entra na faculdade pensando em uma coisa e é outra. Sei como é, mas agora já me encontrei, foi difícil, mas vc com certeza irá encontrar o caminho certo.
Infelizmente tem várias coisas em nossas vidas que a gente fica meio em dúvida... certamente a faculdade será uma das, viu Wiliam!
Mas você pode ter certeza de que vc está no caminho certo, numa excelente faculdade e buscando outros gostos, através do hobby.
Beijo!
Vânia www.ciadosbotecos.blogspot.com
Sheldon
escolher uma faculdade com 17 anos de idade é muito difícil. Num mundo mais "ideal",as pessoas deveriam sair do colegial e aproveitar uns 2 anos com diversos outros cursos/trabalhos para realmente se encontrarem em alguma profissão. Isto é, fazer algo no futuro que dê prazer, não obrigação.
Mas você ainda tem a chance de fazer mais. Está numa ótima instituição, com certeza rodeado de amigos (que sempre serão importantes na sua vida)e uma família que te ama. Seja ponderado, siga seu coração (sua paixão), mas sempre de olho no futuro ($ faz parte). Já pensou em escrever livros de engenharia? Ou "engenharia for dummies"??
Grande beijo!
aff. que deprê!!! Ei baká, ergue essa cabeçona e toca a vida pra frente. vc ainda passará por mtos conflitos "existenciais". Dpois q vc sair da facul será pior. Uma, duas ou mais reprovas, e até desilusão com o curso vc encontra em todo lugar, só vai mudar o endereço.
Vc num vê a tia aki, penando com o inglês, mas num desiste?
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