sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Luto


Fiquei mais de um mês sem escrever aqui, muitos fatos aconteceram nesse intervalo. Ando meio sem tempo para o blog, mas deixo bem claro que não parei de me dedicar aqui.

O objetivo desse post é o de escrever sobre meu avô, que faleceu na data de 02/07. Esclareço que o conteúdo é bem pessoal e não espero interpretações sobre esse texto, sequer comentários. É uma forma de colocar as palavras que não disse no velório, no enterro e tampouco na missa de falecimento. Espero que compreendam (acredito que a minha família seja contra eu colocar esse post).

Meu avô paterno faleceu, aos 86 anos, de uma arritmia cardíaca durante uma celebração em Santo Anastácio (município nos arredores de Presidente Prudente). Estava em São Paulo no momento e receber a ligação da minha irmã - chorando - foi um choque. Só conseguia pensar na minha avó e em como retornar para minha cidade natal.

Voltei às pressas com meu tio Nobel, chegamos de madrugada no velório. Família reunida.

Perdi meu outro avô para o câncer em 2006 e reviver essa sensação é algo muito difícil. Pude ver meu pai e meu tio derramarem as lágrimas de filhos e a angústia da minha avó - mãe e esposa, sobretudo - sem saber o que fazer. De fato, nunca a vi assim: a D. Eurides (como os vizinhos a conhecem) ou Yuri sempre foi a mulher que cuidava de tudo e de todos; como já descrevi em um post anterior, a casa dela é o meu cantinho especial, o meu porto seguro. E naquele momento, quem mais precisava de abrigo era ela.

Soa bastante egoísta, mas confesso que os sentimentos que mais me importavam na hora eram os dela. Meu avô era o alicerce e eu brincava dizendo que os dois iriam completar as Bodas de Diamantes (75 anos) juntos. Sempre admirei o relacionamento e a forma pela qual é mantida a árvore da minha família.

Meu avô sempre foi um homem simples, de uma rotina regrada. Acordava cedo, varria o chão da calçada defronte da sua casa e dos vizinhos. Gostava bastante de ler e escrever: todos os dias, escrevia em sua agenda e mesmo o caderno que dei de presente - 86 anos, no começo de 2011 - foi inteiramente preenchido em questão de meses. Junto com a minha avó, cuidava das plantas do jardim, do pé de jabuticaba do quintal e do ipê branco com maestria.

A qualidade que mais via nele era a sua generosidade. Tenho orgulho de dizer que sou seu neto e vergonha de apenas conhecê-lo melhor após a sua partida: não sabia muito do que ele fez pelos outros e pelo conhecimento que tinha. Sinto-me culpado por não ter dedicado mais do meu tempo a aprender o que ele sabia e conversar sobre o que gostava.

Agradeço aos familiares e amigos que deram apoio nesse período difícil e deixo esse post como lembrança. Queria poder escrever tudo o que gostaria, mas guardo para mim o que me é mais pessoal.






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